Ana Dionizia de Souza Aquino
Ludmilla Paniago Nogueira
Neide Figueiredo de Souza
O presente artigo discute acerca do desenho e sua importância para uma reflexão acerca das linguagens infantis. As reflexões que seguem pautam-se num estudo bibliográfico a partir das concepções de Piaget, Vygotsky e outros autores, bem como da respalda-se na característica específica do desenho infantil enquanto representação da criança sobre o objeto e suas vivências.
As reflexões postas aqui pautam-se na importância do desenho para o conhecimento que a criança tem sobre o objeto e o mundo que a cerca. O desenho contribui para a construção do conceito do objeto e consequentemente para novos significados, bem como para a representação do papel da criança nas vivências cotidianas.
Essas afirmativas fazem corpo ao trabalho e articulam-se às considerações teóricas sobre o desenho da criança do ponto de vista do processo cognitivo e semiótico. Este estudo sustentou-se num referencial teórico a partir da ótica da criança enquanto sujeito de sua identidade. O objetivo do estudo foi refletir acerca da construção da linguagem por meio da representação gráfica do desenho.
Tracei aqui um breve cenário sobre o assunto em questão, tendo por objetivos principais discutir sobre os estágios de evolução do desenho infantil e revisar bibliografia sobre o tema e compreender como o desenho infantil influencia no processo de construção do conhecimento da criança.
Os conceitos aqui discutidos pautam-se no desenvolvimento do pensamento da criança que está ligado a capacidade de representação, considerando que para que o pensamento aconteça é necessário que haja a capacidade de tornar presente, isto é, de substituir coisas ausentes por meio de palavras e imagens. A cada representação que a criança faz, está presente o jogo simbólico e consequentemente o desenho passa a ser uma necessidade, e é assim que as crianças vão se inserindo de desenvolvimento.
Dessa forma a escrita deixa de ser uma representação mental e passa a ser uma representação gráfica, carregada de sentidos, assim como o desenho que, primeiro passa pelo plano da representação mental e só depois a criança passa a representá-lo graficamente. Portanto, o desenho infantil pode ser considerado precursor da escrita, estando diretamente relacionado ao processo de aquisição de novas aprendizagens.
Dou início a este diálogo com a afirmação de que o desenho é uma manifestação de linguagem, desde a antiguidade este foi utilizado como veículo de comunicação. O desenho sempre esteve presente desde o início da história do homem. Essa linguagem faz parte da vida do homem e perpassou por diferentes caminhos ao longo da história e da evolução humana.
Na pré-história o desenho foi uma das formas que o homem usou para comunicar-se, este foi considerado o primeiro registro produzido pelo homem para se expressar, pois este tinha a necessidade de deixar o registro de suas ações e essa arte foi considerada ao longo da história uma de suas linguagens.
O homem da pré-história fez-se entender por meio dos desenhos registrados nas cavernas, com o propósito de retratar sua forma de vida e um modo de transmitir seus conhecimentos e as experiências vividas por seu grupo. Com o passar do tempo o desenho veio assumindo diferentes contextos na sociedade, além de serem reconfigurados pelo barro, pedras, argilas, madeiras e no papel.
O homem usou desse recurso para deixar registros gráficos, indícios de sua existência, mensagens a sociedade vindoura. Portanto, o desenho sempre foi significativo na trajetória humana, e ainda contribuiu para o desenvolvimento da linguagem nas antigas civilizações, como também propiciou o nascimento da escrita.
Esta constituiu-se uma forma de expressão para as civilizações antigas, e ainda continua sendo a primeira manifestação de escrita da criança, considerando que esta ao desenhar promove registros de suas alegrias, descobertas, fantasias, tristezas e também redesenha o mundo a seu modo. E a partir de suas leituras, o desenho assume várias possibilidades para a criança, entretanto, é a de se expressar que mais a estimula, pois pela brincadeira o desenho toma a forma das palavras e sentimentos da criança.
A criança ao desenhar usa de diferentes linguagens como, o brincar, cantar, falar, dentre outras formas de expressão. Ao observarmos seu desenvolvimento evidenciamos as mudanças ocorridas em seus desenhos, o que para Fuzari e Ferraz (1999), a criança se exprime naturalmente,
(…) anto do ponto de vista verbal, como plástico ou corporal, e sempre movida pelo desejo da descoberta e por suas fantasias. Ao acompanhar o desenvolvimento expressivo da criança percebe – se que ele resulta das elaborações de sensações vivenciadas intensamente. Por isso, quando ela desenha, pinta dança e canta, o faz com vivacidade muita emoção. (FUZARI; FERRAZ, 1999, p.55).
Portanto a linguagem do desenho é de fundamental importância para a criança e seu desenvolvimento. As especificidades do desenho, expressam o desenvolvimento cognitivo, emocional e expressivo da criança.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERRAZ, Maria Heloísa de T. & FUSSARI, Maria F. de Rezende. Metodologia do Ensino de Arte. São Paulo: Cortez, 1999.
PIAGET, J. A formação do símbolo na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1971.
VIGOSTSKY, L. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos superiores. São Paulo, Martins Fontes, 1988